"Queria que um passarinho escolhesse minha voz para seus CANTOS."
Manoel de Barros
Um cadim de tudo que gosto, música, literatura, fotografia e outras coisinhas que me fazem feliz....
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
- O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caeiro
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caeiro
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
- Não me Importo com as Rimas
Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural corno o levantar-se vento...
Alberto Caeiro
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural corno o levantar-se vento...
sábado, 24 de novembro de 2012
“Descobri faz algum tempo que as mãos se opõe à cabeça, e quando você movimenta estas, aquela pode parar. Não sei se é uma grande descoberta, talvez não, mas de qualquer forma, gosto quando a cabeça para o maior tempo possível, caso contrário, enche-se de temores, suspeitas, desejos, memórias e todas essas inutilidades que as cabeças guardam para deixar vir à tona quando as mãos estão desocupadas.”
Caio Fernando Abreu in: O marinheiro. Triângulo das águas
Caio Fernando Abreu in: O marinheiro. Triângulo das águas
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Rubens Alves, pra começar a semana:
Eu gostaria de ser muitas coisas que não tive tempo e competência para ser. A vida é curta e as artes são muitas. Gostaria de ser pianista, jardineiro, artista de ferro e vidro - talvez monge. E gostaria de ter sido um cozinheiro.
(...)Faz tempo, num espaço meu, eu gostava de reunir casais amigos uma vez por mês para cozinhar. Não os convidava para jantar. Convidava para cozinhar. A festa começava cedo, lá pelas seis da tarde. E todos se punham a trabalhar, descascando cebola, cortando tomates, preparando as carnes. Dizia Guimarães Rosa: "a coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia." Comer é a chegada. Passa rápido. Mas a travessia é longa. Era na travessia que estava o nosso maior prazer. A gente ia cozinhando, bebericando, beliscando petiscos, rindo, conversando. Ao final, lá pelas onze, a gente comia. Naqueles tempos o que já tinha sido voltava a ser. A gente era feliz.
Sinto-me feliz cozinhando. Não sou cozinheiro. Preparo pratos simples. Gosto de inventar. O que mais gosto de fazer são as sopas. Vaca atolada, sopa de fubá, sopa de abóbora com maracujá, sopa de beringela, sopa da mandioquinha com manga, sopa de coentro... Você já ouviu falar em sopa de coentro? É sopa de portugueses pobres, deliciosa, com muito azeite e pão torrado. A sopa desce quente e, chegando no estômago, confirma...A culinária leva a gente bem próximo das feiticeiras.
(Correio Popular, Caderno C, 19/03/2000)
Eu gostaria de ser muitas coisas que não tive tempo e competência para ser. A vida é curta e as artes são muitas. Gostaria de ser pianista, jardineiro, artista de ferro e vidro - talvez monge. E gostaria de ter sido um cozinheiro.
(...)Faz tempo, num espaço meu, eu gostava de reunir casais amigos uma vez por mês para cozinhar. Não os convidava para jantar. Convidava para cozinhar. A festa começava cedo, lá pelas seis da tarde. E todos se punham a trabalhar, descascando cebola, cortando tomates, preparando as carnes. Dizia Guimarães Rosa: "a coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia." Comer é a chegada. Passa rápido. Mas a travessia é longa. Era na travessia que estava o nosso maior prazer. A gente ia cozinhando, bebericando, beliscando petiscos, rindo, conversando. Ao final, lá pelas onze, a gente comia. Naqueles tempos o que já tinha sido voltava a ser. A gente era feliz.
Sinto-me feliz cozinhando. Não sou cozinheiro. Preparo pratos simples. Gosto de inventar. O que mais gosto de fazer são as sopas. Vaca atolada, sopa de fubá, sopa de abóbora com maracujá, sopa de beringela, sopa da mandioquinha com manga, sopa de coentro... Você já ouviu falar em sopa de coentro? É sopa de portugueses pobres, deliciosa, com muito azeite e pão torrado. A sopa desce quente e, chegando no estômago, confirma...A culinária leva a gente bem próximo das feiticeiras.
(Correio Popular, Caderno C, 19/03/2000)
domingo, 18 de novembro de 2012
- Quem me Dera
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Alberto Caieiro
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Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Alberto Caieiro
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sábado, 17 de novembro de 2012
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
"O
mais terrível é que acabou também o impulso do olho, do toque. O desejo
está bloqueado . Com o bloqueio do desejo, vem junto o bloqueio do
sonho, da fantasia, da mera curiosidade. Os impulsos vitais mais básicos
estão lesados - Eros algemado -, e o que sobrou no rosto das pessoas
pelos bares, pelas festas, pelas ruas é uma inacreditável tristeza."
( Caio Fernando Abreu - A Vida gritando nos cantos in: Bancarrota blues -)
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
terça-feira, 13 de novembro de 2012
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
"Sinto-me como uma semente no meio do inverno,
sabendo que a primavera se aproxima. O broto romperá a casca e a vida
que ainda dorme em mim haverá de subir para a superfície, quando for
chamada. O silêncio é doloroso, mas é no silêncio que as
coisas tomam forma, e existe momentos em nossas vidas que tudo que
devemos fazer é esperar. Dentro de cada um, no mais profundo no ser,
está uma força que vê e escuta aquilo que não podemos ainda perceber.
Tudo o que somos hoje nasceu daquele silêncio de ontem. Somos muito mais
capazes do que pensamos. Há momentos em que a única maneira de aprender
é não tomar qualquer iniciativa, não fazer nada. Porque, mesmo nos
momentos de total inação, esta nossa parte secreta está trabalhando e
aprendendo. Quando o conhecimento oculto na alma se manifesta, ficamos
surpresos conosco mesmos, e nossos pensamentos de inverno se transformam
em flores, que cantam canções nunca antes sonhadas. A vida sempre nos
dará mais do que achamos que merecemos".
__Khalil Gibran__
__Khalil Gibran__
"Não há gente completamente boa nem gente
completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal
está presente no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente
melhora. Mas passa. Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar
pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher
rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim sem esperar
nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha
reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas.
Este céu que nem promete chuva. Aquela estrelinha que esta nascendo ali.
Está vendo aquela estrelinha? Há milênios não tem feito nada, não guiou
os Reis Magos, nem os pastores, nem os marinheiros. Não fez nada.
Apenas brilha. Ninguém repara nela porque é uma estrela inútil. Pois é
preciso amar o inútil, porque no inútil esta a beleza. No inútil esta
Deus".
Ligia Fagundes. Telles
Ligia Fagundes. Telles
domingo, 11 de novembro de 2012
sábado, 10 de novembro de 2012
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Álvaro de Campos
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Álvaro de Campos
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
"Quantos somos dentro de nós? Cada pessoa é habitada por
diversas personalidades, e aí talvez esteja a origem da nossa
angústia existencial. Todos exigem de nós uma classificação, um
currículo de qualidades e defeitos que possam ser descritos em poucas
linhas. No entanto, a contradição é nossa única marca registrada." Marta Medeiros
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
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