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quarta-feira, 27 de abril de 2011


E de repente, não mais que, uma tarde quase quebrando de tão clara, você chegou na minha saudade." Caio Fernando Abreu
"Dias perfeitos, esses em que voltamos para casa e a encontramos intacta, no mesmo lugar, e intactos estão os nossos tristes ossos, e podemos dormir em paz, tranquilos e felizes como se voltássemos apenas de um pequeno passeio pelos anéis de Saturno." - Cecília Meireles

terça-feira, 26 de abril de 2011

"Como está bonito o pessegueiro todo pintalgado de flores cor-de-rosa contra o céu azul! Através dos ramos ela olha as nuvens que bóiam no ar, como frocos de algodão. Ou como velas de grandes navios?
Clarissa ergue-se com uma repentina vontade de correr mais, muito mais... Como é boa a vida, meu Deus! E este sol, este sol, este sol!"

Érico Veríssimo em Clarissa

Fotos: Ivete Helena Chiarello Araujo capturada no cacadorinfoto.blogspot.com
" Ontem por incrível que pareça todos os lugares que pisei eu te procurei. (…) Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho (…) Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando... "Caio Fernando Abreu

domingo, 24 de abril de 2011

Salve Jorge!!!



Zeca Pagodinho
Composição : pece ribeiro

Vou acender velas para São Jorge
A ele eu quero agradecer
E vou plantar comigo-ninguém-pode
Para que o mal não possa então vencer
Olho grande em mim não pega
Não pega não
Não pega em quem tem fé
No coração
Ogum com sua espada
Sua capa encarnada
Me dá sempre proteção
Quem vai pela boa estrada
No fim dessa caminhada
Encontra em Deus perdão

sexta-feira, 22 de abril de 2011

"Eu constantemente sinto saudade das coisas que perco,
mas não as quero de volta. Já doeu uma vez. "Caio Fernando Abreu
"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja. Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia. Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que nada é para sempre."

Gabriel García Márquez

quinta-feira, 21 de abril de 2011


"Fantástico: o mundo por um instante é exatamente o que o meu coração pede."

Clarice Lispector
"Mais tarde eu saberia que certas experiências se partilham – até mesmo sem palavras – só com gente da mesma raça. O que não significa nem cor nem formato de olho nem tipo de cabelo, mas o indefinível parentesco da alma."
Lya Luft
(...)
Vocês são todos tão... tão... — Interrompeu-se, procurando a palavra. – Tran-sitó-ri-os, é isso. Vocês são muito transitórios, entende? Tão instáveis, hoje aqui, amanhã ali. Eu sei, também já fui assim. Só que chega um ponto que a gente cansa, que não quer mais saber de aventuras ou de procuras, entende? (...)


Noções de Irene - Caio Fernando Abreu.

Postais - Fernanda Meireles


Postais 28 fevereiro - fotos de Fernanda Meireles

Postais - Fernanda Meireles


"As vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais
teus pelos, teu gosto, teu rosto, tudo...
tudo o que não me deixa em paz.
será que você ainda pensa? (...)

[Cazuza]

"O amor não resolve nada. O amor é uma coisa pessoal, e alimenta-se do respeito mútuo. Mas isto não transcende o coletivo. Levamos já dois mil anos dizendo-nos isso de amar-nos uns aos outros. E serviu de alguma coisa? Poderíamos mudá-lo por respeitar-nos uns aos outros,para ver se assim tem mais eficácia. Porque o amor não é suficiente."

[José Saramago]
"O amor tem uma consciência louca do futuro, de fazer passado com o futuro. A paixão vive fora do tempo. O amor vive no tempo porque deixa rastros. Paixão se esquece, e amor nem enterrando acaba."

[Fabrício Carpinejar]

quarta-feira, 20 de abril de 2011

"Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difí­cil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra."Guimarães Rosa
"Sim, afligia muito querer e não ter. Ou não querer e ter. Ou não querer e não ter. Ou querer e ter. Ou qualquer outra enfim dessas combinações entre os quereres e os teres de cada um, afligia tanto." Caio Fernando Abreu In: Ovelhas negras

segunda-feira, 18 de abril de 2011

domingo, 17 de abril de 2011

CARTA

Há muito tempo, sim, não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci. Olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias
( tão leves ) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu caminho, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias:
Deus te abençoe", e a noite abria em sonho.

É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.

Carlos Drumond de Andrade
“(...) E aprendi que se depende sempre de tanta, muita, diferente gente. Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas. E é tão bonito quando a gente entende que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá. É tão bonito quando a gente sente que nunca está sozinho por mais que pense que está. (...)” Gonzaguinha

sábado, 16 de abril de 2011


O que você pensa de mim?

(Que você tem um cheiro de primavera, mãos macias de algodão, lábios em forma de coração e com gosto de mel, tem cabelos sedosos, tem os olhos pequenos que se fecham quando você sorri, tem a pele colorida pelo sol, e uma voz que pássaro algum teria, tem um colo que me enche de suspiros quando você arfa para respirar, tem um nariz pequeno e desenhado, pés delicados que hão de andar por todo mundo, e uma paz e um amor por qual eu seria capaz de matar e morrer sem antes ter te conhecido.)

- Que você é tudo que alguém desejaria amar.

(Cáh Morandi )

sexta-feira, 15 de abril de 2011


“Me diz, quem ‘tava no volante do planeta que o meu continente capotou.” –Chico Buarque
“Olhos nos olhos - quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais. (...) E tantas águas rolaram, tantos homens me amaram bem mais e melhor que você.” Chico Buarque

quinta-feira, 14 de abril de 2011

“Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertecendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos.” Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. ”Caio Fernando Abreu
“Os olhos têm gula, fome de gesto. Entre a paisagem e o pensamento, há muita distância e distensão. Poucas verdades sobrevivem neste trajeto.”

Fabrício Carpinejar
CANÇÃO DA ESCUTA

O sonho na prateleira
me olha com seu ar
de boneco quebrado.
Passo diante dele muitas vezes
e sorrimos um para o outro,
cúmplices de nossos desastres cotidianos.
Mas quando o pego no colo
(como às bonecas tão antigamente)
para avaliar se tem conserto
ou se ficará para sempre como está,
sinto sem estranheza
que dentro dele ainda bate
um pequeno tambor obstinado
e marca – timidamente –
um doce ritmo nos meus passos.

Lya Luft In: Secreta Mirada
EU

Quando alguém me pergunta, por ventura,
Quem me faz de outros tempos diferente,
Pensas tu que teu nome se murmura,
Que o exponho à ânsia voraz de toda gente?

Não; digo apenas o seguinte: é pura,
Casta, simples e meiga: é uma dolente
Cauta rola de tímida candura,
Flor que menos se vê do que se sente.

Mimo de graça e de singeleza;
Clara estrela arrancada a um céu profundo:
Doce apoteose da Delicadeza...

Nesse ponto, de súbito, me calo;
E, sem dizer teu nome, todo mundo
Fica logo sabendo de quem falo!


Humberto de Campos In ‘Poesias Completas’

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Um beijo
que tivesse um blue.
Isto é
imitasse feliz a delicadeza, a sua,
assim como um tropeço
que mergulha surdamente
no reino expresso do prazer.

Espio sem um ai
as evoluções do teu confronto
à minha sombra
desde a escolha
debruçada no menu;
um peixe grelhado
um namorado
uma água sem gás
de decolagem:
leitor embevecido
talvez ensurdecido
"ao sucesso"
diria meu censor "à escuta"
diria meu amor


Ana Cristina Cesar In: A teus pés

terça-feira, 12 de abril de 2011

Cartas imaginárias

"Querido Helano,

Hoje eu andei as ruas todas em silêncio, tentando fazer silêncio pelo lado de fora. Quando não quero que os meus pensamentos acordem as crianças do mundo, prefiro escrever uma carta sem muito ruído. Antes disso, chamei a minha avó. A minha avó só queria um abraço. E avós, na minha história, são pessoas que esperam o dia todo por um abraço. E abraços, na minha história, são técnicas de estourar, com o corpo, um balão cheio de vazios. Ah, Helano, vim pelas ruas lhe escrevendo cartas. Dois rapazes riram das roupas de um homem. Quis escrever cartas a esse homem também, mas dois passos eram ainda mais longe que Paris! Queria dizer a ele que não se sentisse desconfortável no mundo, tudo bem a sua blusa ser assim. O homem baixou a cabeça como se o carteiro entre nossos passos tivesse errado os braços e o homem, já tão longe de mim, tivesse atravessado a rua. Quis dizer que a blusa roxa e brilhante brincava de voar no varal, acenando alegre aos transeuntes. Quis dizer isso a ele, quis muito, mas não disse, é claro. Há tantas coisas que não dizemos a um desconhecido... Talvez, ainda mais, muito mais, aos desconhecidos de Paris! Por isso lhe escrevo, para que não se esqueça de nosso mundo quentinho. Por hoje, fiquei com o começo desta carta e um abraço em minha avó. Por hoje, querido Helano, por hoje, foi só."

(Rita Apoena)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Inconscientemente, parecia querer buscar em autores, filmes e músicas, algum tipo de consolo. Como se alguém precisasse chegar bem perto do sofá, onde estava, colocar um das mãos em seu ombro e dizer que aquilo era normal. Que acontecia também com outras pessoas. E que iria passar."
Caio Fernando Abreu

domingo, 10 de abril de 2011

(...) Quando a gente percebe, já é noite e o céu, se está disposto a falar, diz estrelas.
Quando a gente percebe,as pétalas já descansam o seu sorriso no colo do chão.
Quando a gente percebe, o canto da onda já enterneceu a areia.
Muitas dádivas que nos encontram, que nos encantam,têm seu tempo de viço, sua hora de recado, e seu momento de transformação em outro jeito de lindeza. (...)" (Ana Jácomo )

sábado, 9 de abril de 2011

"Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar."Caio Fernando Abreu
"Ouvi um dia uma flor cantando e tranquilamente me alegrei; depois me aproximei e, milagre, não era a flor que cantava mas um passarinho sobre a flor.” Clarice Lispector In: Perto do coração selvagem
"O senhor não esteve lá. O senhor não escutou, em cada anoitecer, a lugúmem do canto da mãe-da-lua. O senhor não pode estabelecer em sua idéia a minha tristeza quinhoã. Até os pássaros, consoante os lugares, vão sendo muito diferentes. Ou são os tempos, travessia da gente?" Guimarães Rosa In: Grande Sertão veredas
...

quinta-feira, 7 de abril de 2011


"Eu vou gostando, eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou, e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos. E vou dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar. "- Caio Fernando Abreu.

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Todo sonho é feito de estilhaços
Do que o olho crê
Que a imagem
Faz no espaço
E o tempo encontra
No ar que passa
Invisível
Peso e cor"
Nando Reis

(...)este fio fino de arame atravessado na minha testa, de têmpora a têmpora, vibrando sem parar, é preciso sim ser biônica atômica supersônica eletrônica, vocês pensam que eu sou de ferro?(...)
Caio Fernando Abreu. -

domingo, 3 de abril de 2011

"Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. ..."Caio Fernando Abreu
"Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse." Elisa Lucinda

Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta,
a campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:
'Eh bobagem!'
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país de memória e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.
Adélia Prado

sábado, 2 de abril de 2011


"...Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

Chico Buarque

"Sobre todos aqueles que ainda continuam tentando, Deus, derrama teu Sol mais luminoso." Caio Fernando Abreu.
"Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos. Ando assim,descontínuo, exaltado, mas sempre com carinho enorme por você."Caio Fernando Abreu