"Não há gente completamente boa nem gente
completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal
está presente no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente
melhora. Mas passa. Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar
pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher
rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim sem esperar
nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha
reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas.
Este céu que nem promete chuva. Aquela estrelinha que esta nascendo ali.
Está vendo aquela estrelinha? Há milênios não tem feito nada, não guiou
os Reis Magos, nem os pastores, nem os marinheiros. Não fez nada.
Apenas brilha. Ninguém repara nela porque é uma estrela inútil. Pois é
preciso amar o inútil, porque no inútil esta a beleza. No inútil esta
Deus".
Ligia Fagundes. Telles
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