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sábado, 30 de outubro de 2010


"Nunca esperei que um dia, numa tarde de sábado, você podia sair de dentro do meu rádio para dizer olhando para mim: I love you."

Caio Fernando Abreu In: Morangos Mofados





Imagem capturada no Google


"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso." Fernando Pessoa

"... Mas só muito mais tarde, como um estranho flash-back premonitório, no meio duma noite de possessões incompreensíveis, procurando sem achar uma peça de Charlie Parker pela casa repleta de feitiços ineficientes, recomporia passo a passo aquela véspera de São João em que tinha sido permitido tê-lo inteiramente entre um blues amargo e um poema de vanguarda. Ou um doce blues iluminado e um soneto antigo. De qualquer forma, poderia tê-lo amado muito. E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida – reconheceu, compenetrado. Como uma ideologia, como uma geografia: palmilhar cada vez mais fundo todos os milímetros de outro corpo, e no território conquistado hastear uma bandeira. Como quando, olhando para baixo, a deusa se compadece e verte uma fugidia gota do néctar de sua ânfora sobre nossas cabeças. Mesmo que depois venha o tempo do sal, não do mel. .."
Caio Fernando Abreu In: Os dragões não conhecem o paraiso

sexta-feira, 29 de outubro de 2010


"Se é para pular, que seja já. Porque hoje é hoje; e amanhã, amanhã ninguém sabe. *
Caio Fernando Abreu in : Ovelhas Negras



“Eu disse a uma amiga: — A vida sempre superexigiu de mim. Ela disse: — Mas lembre-se de que você também superexige da vida. Sim.”
Clarice Lispector In: Aprendendo a viver

quinta-feira, 28 de outubro de 2010


"As manhãs são boas para acordar dentro delas, beber café, espiar o tempo. Os objetos são bons de olhar para eles, sem muitos sustos, porque são o que são e também nos olham, com olhos que nada pensam. Desde que o mandei embora, para que eu pudesse enfim aprender a grande desilusão do paraíso, é assim que sinto: quase sem sentir"

Caio Fernando Abreu In: Os dragões não conhecem o parais
o

quarta-feira, 27 de outubro de 2010


"Você não existe. Eu não existo. Mas estou tão poderoso na minha sede que inventei a você para matar a minha sede imensa. Você está tão forte na sua fragilidade que inventou a mim para matar a sua sede exata. Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo"

Caio Fernando
Abreu


Imagem capturada no Google

´Os fatos são sonoros mas entre os fatos há um sussurro. É o sussurro o que me impressiona.´
Clarice Lispector In: A Hora da Estrel
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terça-feira, 26 de outubro de 2010


"...eu te olhava entupida de mandrix e babava soluçando perdi minha alegria, anoiteci, roubaram minha esperança enquanto você, solitário & positivo, apertava meu ombro com sua mão apesar de tudo viril repetindo reage, companheira, reage, a causa precisa dessa tua cabecinha privilegiada, teu potencial criativo, tua lucidez libertária e bababá bababá. As pessoas se transformavam em cadáveres decompostos à minha frente, minha pele era triste e suja, as noites não terminavam nunca, ninguém me tocava, mas eu reagi, despirei, voltei a isso que dizem que é normal, e cadê a causa, meu, cadê a luta, cadê o pó-ten-ci-al criativo?"
Caio Fernando Abreu In: Morangos Mofados



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segunda-feira, 25 de outubro de 2010




"O dia não conseguiu chover: eu queria agora chorar todo o choro que o dia não chorou por ti. Não consigo..." Caio Fernando abreu

domingo, 24 de outubro de 2010


"Não sou para todos.Gosto muito do meu mundinho.Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas.Às vezes tem um céu azul, outras tempestades.Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos.Mas não cabe muita gente.Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias, são porque merecem estar" Caio Fernando Abreu


"A gaveta da alegria
já está cheia
de ficar vazia"

Alice Ruiz

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"Era tudo um engano, eu continuava batendo e continuava chovendo sem parar. Eu só estava parado naquela porta fazia muito tempo, depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca mais encontrar o caminho de volta, nem tentar outra coisa, outra ação, outro gesto além de continuar batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo nesta porta que não abre nunca."

Caio Fernando Abreu, in Além do Ponto

quinta-feira, 21 de outubro de 2010


"Reze e trabalhe fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente e às vezes custa passar, mas sempre passa. Você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria. Cada um tem a sua hora e sua vez: você há de ter a sua".
Guimarães Rosa In: Sagarana


"Todo abismo é navegável a barquinhos de papel."

Guimarães Rosa In: Tutaméia – Terceiras Estórias
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010



"Durante algum tempo fiz coisas antigas como chorar e sentir saudade da maneira mais humana possível: fiz coisas antigas e humanas como se elas me solucionassem. Não solucionaram. Então fui penetrando de leve numa região esverdeada em direção a qualquer coisa como uma lembrança depois da qual não haveria depois."
Caio Fernando Abreu

"Resta essa vontade de chorar diante da beleza...Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio..."
Vinicius de Morais
"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


"Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar.Re-amar. Amar."

Caio Fernando Abreu





imagem capturada no google

FRASES DE CLARICE





imagem capturada na http://picasaweb.google.com.br/vidaintimadeclarice/

domingo, 17 de outubro de 2010


vontade de ficar sozinha
só para saber
se você ia
ou vinha
quando deixou
esse bagaço
no meu peito
pedaço estreito
defeito na mercadoria
do jeito que você queria

Alice Ruiz

"Só este céu limpo, às vezes escuro, às vezes claro, mas sempre limpo, uma limpeza que continua além de qualquer coisa que esteja nele."

(Caio Fernando Abreu In: O inventário do Ir-remediável)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010


"Não tenho caminho novo.
O que tenho de novo é o jeito de caminhar."
(Thiago de Mello).

. "Professor, sois o sal da terra e a luz do mundo.
Sem vós tudo seria baço, e a terra escura.
Professor, faz de tua cadeira a cátedra de um mestre.
Se souberes elevar teu magistério, ele te elevará à magnificência...
... Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Melhor professor nem sempre é o de mais saber e, sim, aquele que, modesto, tem a faculdade de manter o respeito e a disciplina da classe.
Cora Coralina

quinta-feira, 14 de outubro de 2010



'E se o telefone tocar diga que eu morri que estou mortinho da silva, estirado no chão da sala com o coração na mão. Diga que retirei meu coração com a mão – ele estava doendo demais. Caio Fernando Abreu.'
"Nova era, esta minha, e ela me anuncia para já. Tenho coragem? Por enquanto estou tendo: porque venho do sofrido longe, venho do inferno de amor mas agora estou livre de ti. Venho do longe - de uma pesada ancestralidade. Eu que venho da dor de viver. E não a quero mais. Quero a vibração do alegre. Quero a isenção de Mozart. Mas quero também a inconseqüência. Liberdade? é meu último refúgio, forcei-me à liberdade e aguento-a não como um dom mas com heroísmo: sou heroicamente livre. Eu quero o fluxo. Não é confortável o que te escrevo. Não faço confidências. Antes me metalizo. E não te sou e me sou confortável; minha palavra estala no espaço do dia. O que saberás de mim é a sombra da flecha que se fincou no alvo. Só pegarei inutilmente uma sombra que não ocupa lugar no espaço, e o que apenas importa é dardo. Construo algo isento de mim e de ti - eis a minha liberdade que leva à morte."

Clarice Lispector In: Água Viva
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010


"Eu disse: a lua está tão bonita que dói por dentro. Ele não entendeu. É tudo tão bonito que me dói e me pesa. Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre. Não sei, não quero pensar. Neste espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada.
O momento me esmaga por dentro. O espanto esbarra em paredes pedindo exteriorização."
Caio Fernando Abreu


"O que sou neste instante? Sou uma máquina de escrever fazendo ecoar as teclas secas na úmida e escura madrugada. Há muito já não sou gente. Quiseram que eu fosse um objeto. Sou um objeto. Que cria outros objetos e a máquina cria a nós todos. Ela exige. O mecanicismo exige e exige a minha vida. Mas eu não obedeço totalmente: se tenho que ser um objeto, que seja um objeto que grita. Há uma coisa dentro de mim que dói. Ah como dói e como grita pedindo socorro. Mas faltam lágrimas na máquina que sou. Sou um objeto sem destino. Sou um objeto nas mãos de quem? tal é o meu destino humano. O que me salva é o grito. Eu protesto em nome do que está dentro do objeto atrás do atrás do pensamento-sentimento. Sou um objeto urgente. "
Clarice Lispector In: Água Viva.
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imagem capturada em: www.mundofisico.joinville.udesc.br
"Não me indigno, porque a indignação é para os fortes; não me resigno, porque a resignação é para os nobres; não me calo, porque o silêncio é para os grandes. E eu não sou forte, nem nobre, nem grande. Sofro e sonho. Queixo-me porque sou fraco e, porque sou artista, entretenho-me a tecer musicais as minhas queixas e a arranjar meus sonhos conforme me parece melhor a minha ideia de os achar belos.
Só lamento o não ser criança, para que pudesse crer nos meus sonhos." "Eu não sou pessimista, sou triste."
Fernando Pessoa In: Do livro do desasossego

terça-feira, 12 de outubro de 2010



"Sinto-me um pouco intrusa vasculhando minha infância. Não quero perturbar aquela menina no seu ofício de sonhar." Lya Luf

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

" O que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto do modo carinhoso do inacabado, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.”
Clarice Lispector In: A Legião Estrangeira


"Já que você não merece, devolva minhas preces meu canto, meu amor, meu tempo, por favor e minha alegria que, naquele dia, só te emprestei por uns dias e é tudo que me pertence
PS: já que você foi embora porque não desaparece?"

Itamar Assunção

domingo, 10 de outubro de 2010


"Por enquanto espio as pombas nas cumeeiras. Quando não há música, canto. Quando paro de cantar, como maçãs. Os talos estão jogados pelo quarto, entre os lençóis. Apodrecem como meus sentimentos, jogados na via-láctea. Esfrego a lâmpada, mas o gênio se foi. Talvez me bata outra vez contra as grades da janela até me levarem para a mesa de choques."

Caio Fernando Abreu, in: Triângulo das Águas
CANÇÃO DE DOMINGO

Que dança que não se dança?
Que trança não se destrança?
O grito que voou mais alto
Foi um grito de criança.

Que canto que não se canta?
Que reza que não se diz?
Quem ganhou maior esmola
Foi o Mendigo Aprendiz.

O céu estava na rua?
A rua estava no céu?
Mas o olhar mais azul
Foi só ela quem me deu!

Mário Quintana

sábado, 9 de outubro de 2010



"É assim que eu me sinto: constantemente amanhecendo"
Caio Fernando Abreu
"Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando essas perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio."

Caio Fernando Abreu In: Pequenas Epifanias
"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos (...) Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto."

GUIMARÃES ROSA In: Grande Sertão Veredas

sexta-feira, 8 de outubro de 2010


"Fico tão cansada às vezes, e digo para mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. (...)então eu não sentia nada, podia fazer as coisas mais audaciosas sem sentir nada, bastava estar atenta como estes gerânios, você acha que um gerânio sente alguma coisa? quero dizer, um gerânio está sempre tão ocupado em ser um gerânio e deve ter tanta certeza de ser um gerânio que não lhe sobra tempo para nenhuma outra dúvida..."

Caio Fernando Abreu
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Se todas as tuas noites fossem minhas
Eu te daria, a cada dia
Uma pequena caixa de palavras
Coisa que me foi dada, sigilosa

E com a dádiva nas mãos tu poderias
Compor incendiado a tua canção
E fazer de mim mesma, melodia.

Se todos os teus dias fossem meus
Eu te daria, a cada noite
O meu tempo lunar, transfigurado e rubro
E agudo se faria o gozo teu.

HILDA HILST In: "Júbilo, memória, noviciado da paixão"

"Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra."

Clarice Lispector In: Felicidade Clandestin
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quarta-feira, 6 de outubro de 2010


" A lua cheia é de uma insônia leve:entorpecida e dormente como depois do amor.E eu tinha resolvido que ia dormir pra poder sonhar,estava com saudade das novidades dos sonhos. "
Clarice Lispector In: Água Viva
"Meu Deus, não sou muito forte, não tenho muito além de uma certa fé — não sei se há em mim, uma coisa que chamaria de justiça-cósmica ou a-coerência-final-de-todas-as-coisas. Preciso agora da tua mão sobre a minha cabeça. Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exato. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor. Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre. Sinto uma dor enorme de não ser dois e não poder assim um ter partido, outro ter ficado com todas aquelas pessoas."

Caio Fernando Abreu In: "Lixo e Purpurina"

terça-feira, 5 de outubro de 2010


"O fato é que ela possuía uma graça especial, talvez o modo como se debruçava à janela, ou mesmo o jeito oblíquo de sorrir apertando os lábios, como se temesse revelar no seu sorriso todo o seu mundo interior." Caio Fernando Abreu In: Ovelhas negras

"Os brilhantes são pequenas alegrias em chuveiro de risos de crianças. São cascatinhas de agua gelada em gargalhadinhas de tremor. Ai que frio. Eu prefiro brilhantes a diamantes." Clarice Lispector In: Um Sopro de Vida




imagem capturada no: eternosaprendizes.com

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"Que é que eu faço para ser heroi? Porque nos templos só entram heróis."
Clarice Lispector In: ONDE ESTIVESTES DE NOITE
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" Desculpe, mas foi só mais um engano? E quantos mais ainda restam na palma da minha mão? Ah, me socorre que hoje não quero fechar a porta com esta fome na boca, beber um copo de leite, molhar plantas, jogar fora jornais, tirar o pó de livros, arrumar discos, olhar paredes, ligar-desligar a tevê, ouvir Mozart para não gritar e procurar teu cheiro outra vez no mais escondido do meu corpo, acender velas, saliva tua de ontem guardada na minha boca (...)"

Caio Fernando Abreu In: Anotações sobre um amor urbano

sábado, 2 de outubro de 2010

Quem É Quem

Posso dizer: estou pronto
para me dar ao que vier.
Posso errar, mas não por medo
de me ser no que fizer.
Quem me pode responder
que sabe ser, sendo inteiro,
fiel e simples, sempre a tudo
que faz e não quer fazer?

Thiago de Mello In: Poesia Comprometida Com a Minha e a Tua Vida

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010


"Sabe por que o pôr-do-sol é belo? Porque ele é uma parábola do que somos, da nossa vida: imensamente belo em suas cores, imensamente triste em seu adeus. Toda Beleza é triste como o pôr-do-sol. Mas ela é verdadeira: porque somos assim, seres crepusculares, belos e tristes como o sol que se põe..."
Rubem Alves