Um Mestre Falando do Outro
Meu Quintana, os teus cantares
Não são,
Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de
cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não!
Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus
cantares
Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares.
Onde
as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses
cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São
para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus
quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que
repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Quer
no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos
melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus
quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus
cantares...
Perdão! digo quintana
Manuel Bandeira In: "Estrela da
vida inteira"
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