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quarta-feira, 9 de julho de 2014

CANTIGA DO REI PELÉ

  Poema de Affonso Ávila

na era do rei que ainda o é
tudo ao redor dava pé
surfava-se alta maré
subia em bolsa o café
do bolso moeda ao sopé
bahia jorrava e-
tróleo água chovia até
no sertão do canindé
rodovias hidrelé-
tricas eram cré em cré
são bernadro santo andré
da indústria o melhor filé
erguiam em comtrape-
lo aos corvos e à mà fé
no cerrado a fincapé
um sorridente pajé
construía a nova sé
sem servidão ou galé
empregado qualquer zé
tinha onde pôr o boné
prosa de rosa poe-
sia bossa nova re-
finavam toque de axé
mas da galera o evoé
era a alegria do fute-
bol o gol de placa o olé
drible curto de mané
nos johns e o rei da sué-
cia aplaudindo o caburé
milico deu golpe eh eh
pau comeu com chipanzé
depois fodeu a ralé
falastrão com rapapé
ao dos banqueiros curé
fez a globo fricassé
da cultura e a marcha-à-ré
tomou conta do terre-
no traficante à libré
corrupção apagão atché!
agora é ir-se à galilé
da matriz de são josé
e rezar a deus maomé
a outros cultos de javé
ou mesmo no candomblé
que voltem sorriso e fé
ao reino do rei pelé

Extraído de :  ADRIANO MENEZES et al... Belo Horizonte: Scriptum, 2010.

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