"Adoro reticências... Aqueles três pontos intermitentes que insistem em dizer que nada esta fechado, que nada acabou, que algo sempre esta por vir!" Nilson Furtado
Um cadim de tudo que gosto, música, literatura, fotografia e outras coisinhas que me fazem feliz....
sexta-feira, 28 de março de 2014
sábado, 22 de março de 2014
Agora, ó José
É teu destino, ó José,
a esta hora da tarde,
se encostar na parede,
as mãos para trás.
Teu paletó abotoado
de outro frio te guarda,
enfeita com três botões
tua paciência dura.
A mulher que tens, tão histérica,
tão histórica, desanima.
Mas, ó José, o que fazes?
Passeias no quarteirão
o teu passeio maneiro
e olhas assim e pensas,
o modo de olhar tão pálido.
Por improvável não conta
O que tu sentes, José?
O que te salva da vida
é a vida mesma, ó José,
e o que sobre ela está escrito
a rogo de tua fé:
“No meio do caminho tinha uma pedra”
“Tu és pedra e sobre esta pedra”.
A pedra, ó José, a pedra.
Resiste, ó José. Deita, José,
Dorme com tua mulher,
gira a aldraba de ferro pesadíssima.
O reino do céu é semelhante a um homem
como você, José.
Adelia Prado
É teu destino, ó José,
a esta hora da tarde,
se encostar na parede,
as mãos para trás.
Teu paletó abotoado
de outro frio te guarda,
enfeita com três botões
tua paciência dura.
A mulher que tens, tão histérica,
tão histórica, desanima.
Mas, ó José, o que fazes?
Passeias no quarteirão
o teu passeio maneiro
e olhas assim e pensas,
o modo de olhar tão pálido.
Por improvável não conta
O que tu sentes, José?
O que te salva da vida
é a vida mesma, ó José,
e o que sobre ela está escrito
a rogo de tua fé:
“No meio do caminho tinha uma pedra”
“Tu és pedra e sobre esta pedra”.
A pedra, ó José, a pedra.
Resiste, ó José. Deita, José,
Dorme com tua mulher,
gira a aldraba de ferro pesadíssima.
O reino do céu é semelhante a um homem
como você, José.
Adelia Prado
domingo, 16 de março de 2014
"Era uma flor tão pequenina
Tão delicada nas suas extremidades
Que quando ele arrancou com dó
Pediu que eu a colocasse no peito esquerdo
Porque ela ainda respirava...
Não sei ao certo qual coraçãozinho batia mais forte,
Mas ela dormiu entre nós
Enroscados que estivemos e
Beijados por aquele beija-flor."
Marla de Queiroz
Tão delicada nas suas extremidades
Que quando ele arrancou com dó
Pediu que eu a colocasse no peito esquerdo
Porque ela ainda respirava...
Não sei ao certo qual coraçãozinho batia mais forte,
Mas ela dormiu entre nós
Enroscados que estivemos e
Beijados por aquele beija-flor."
Marla de Queiroz
sábado, 15 de março de 2014
De Que São Feitos os Dias?
De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos, ...
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.
De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.
Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...
Cecilia Meireles
De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos, ...
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.
De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.
Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...
Cecilia Meireles
"Então o sol penetrou toda a casa. Se eu quiser dormir até mais tarde, terei que fechar as janelas, as portas, as cortinas, eu que passei quase a noite inteira acordada. Faz muito calor lá fora, faz muito frio aqui dentro e minhas palavras estão inquietas enquanto olho para o teto sem caneta, sem papel, sem disposição. Existe uma solidão irremediável no pulso de um poeta. E essa casa não é minha. Não sei se sofro, mas minha cara é de choro contido. O que fizeram comigo enquanto eu tentava dormir, se eu pensava que havia alguma paz no sono? Estou confusa e queria dizer coisas inconvenientes, mas não posso.
Que cansaço vem do não poder dizer o que se quer."
Marla de Queiroz
Que cansaço vem do não poder dizer o que se quer."
Marla de Queiroz
sábado, 8 de março de 2014
Ladainha
que via um futuro grandioso
para cada homem que a tocava
um dia
ela se tocou...
Eu pensava que o amor
me faria uma rainha
e quando você chegasse
não seria mais sozinha.
Você chega da gandaia
só pensando numazinha
seu amor é pouca palha
para minha fogueirinha.
O que você jogou fora
é para poucos
o meu mal foi jogar pérolas aos porcos.
Eu não sou da sua laia
não quero sua ladainha
pra ser mal acompanhada
prefiro ficar na minha.
Alice Ruiz
Mural
a mulher nem jovem nem velha,
em estado de perfeito uso.
Não vem do sol indeciso a claridade expandindo-se,
é dela que nasce a luz de natureza velada,
é seu próprio gosto em
Ter uma família,
amar a aprazível rotina.
Ela não sabe que sabe,
a rotina perfeita é Deus:
as galinhas porão seus ovos,
ela porá a sua saia,
a árvores a seu tempo dará suas flores rosadas.
A mulher não sabe que reza:
que nada mude, Senhor.
Adélia Prado
terça-feira, 4 de março de 2014
"(...) Até parece que guardo
/ num baú de passados/
uma antiga paixão/
(...) Até parece que guardo/
num baú de sentimentos/
uma viva afetação/
(...)Até parece que guardo/
num baú de resguardos/
resíduos de reputação/ (...)
Até parece que guardo/
num baú de retratos/
a dose mais forte de minha ilusão."
(Germano Xavier
/ num baú de passados/
uma antiga paixão/
(...) Até parece que guardo/
num baú de sentimentos/
uma viva afetação/
(...)Até parece que guardo/
num baú de resguardos/
resíduos de reputação/ (...)
Até parece que guardo/
num baú de retratos/
a dose mais forte de minha ilusão."
(Germano Xavier
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