Mãe é tudo igual, só muda de endereço.
Não concordo 100% com essa afirmação, mas é verdade que nós, mães,
temos lá nossas semelhanças. Basta reunir uma meia-dúzia num recinto
fechado para se comprovar que, quando o assunto é filho, as experiências
são praticamente xerox umas das outras.
Por outro lado, quem
arriscaria dizer que pai é tudo farinha do mesmo saco? Nunca foram
devidamente valorizados, nunca receberam cartilhas de conduta e sempre
passaram longe da santificação. Cada pai foi feito à imagem e semelhança
de si mesmo.
As meninas, assim
que nascem, já são tratadas como pequenas "nossas senhoras" e começam a
ser catequizadas: "Mãe, um dia você vai ser uma". E dá-lhe informação,
incentivo e receitas de como se sair bem no papel. Outro dia, vi uma
menina de não mais de três anos empurrando um carrinho de bebê com uma
boneca dentro. Já era uma mini mãe. Os meninos, ao contrário, só pensam
nisso quando chega a hora, e aí acontece o que se vê: todo pai é fruto
de um delicioso improviso.
Tem pai que é desligado de nascença,
coloca o filho no mundo e acha que o destino pode se encarregar do
resto. Ou é o oposto: completamente ansioso, assim que o bebê nasce já
trata de sumir com as mesas de quinas pontiagudas e de instalar rede em
todas as janelas, e vá convencê-lo de que falta um ano para a criança
começar a caminhar.
Tem pai que solta dinheiro fácil. E pai que
fecha a carteira com cadeado. Tem pai que está sempre em casa, e
outros, nunca. Tem pai que vive rodeado de amigos e pai que não sabe o
que fazer com suas horas de folga. Tem aqueles que participam de todas
as reuniões do colégio e outros que não fazem ideia do nome da
professora. Tem pai que é uma geleia, e uns que a gente nunca viu chorar
na vida. Pai fechado, pai moleque, pai sumido, pai onipresente. Pai que
nos sustenta e pai que é sustentado por nós. Que mora longe, que mora
em outra casa, pai que tem outra família, e pai que não desgruda, não
sai de perto jamais. Tem pai que sabe como gerenciar uma firma,
construir um prédio, consertar o motor de um carro, mas não sabe direito
como ser pai, já que não foi treinado, ninguém lhe deu um manual de
instruções. Ser pai é o legítimo "faça você mesmo".
Alguns
preferem não arriscar e simplesmente obedecem suas mulheres, que têm
mestrado e doutorado no assunto. Mas os que educam e participam da vida
dos filhos a seu modo é que perpetuam o charme desta raça fascinante e
autêntica. Verdade seja dita: há muitas como sua mãe, mas ninguém é como
seu pai.
Martha Medeiros
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