Cada ser humano atinge o seu apogeu de maneira diferente, num
dado momento. Uma vez alcançado esse ponto alto, é sempre a descer. Fatal como
o destino. E o pior é que ninguém sabe onde é que se situa o seu próprio auge.
A linha divisória pode desenhar-se de repente, quando uma pessoa pensa que
ainda estava a pisar terreno seguro. Ninguém tem maneira de saber. Alguns
atingem esse pico aos doze anos, e depois espera-os uma vida perfeitamente
monótona e sem chama. Outros continuam sempre em ascensão até à morte; outros
morrem no seu máximo esplendor. Muitos poetas e compositores vivem em estado de
permanente arrebatamento e estão mortos quando chegam aos trinta anos. Depois
há aqueles, como é o caso de Picasso, que aos oitenta e muitos anos ainda
pintava quadros cheios de vigor e teve uma morte tranquila, sem saber o que era
o declínio.
Haruki Murakami, in 'Dança, Dança, Dança'
Haruki Murakami, in 'Dança, Dança, Dança'
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