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domingo, 30 de setembro de 2012

 Plenos poderes

Tão pacientes fomos

para sermos
que anotámos
os números, os dias,

os anos e os meses,
os cabelos, as bocas que beijámos,
e aquele minuto antes de morrer
deixa-lo-emos sem anotação:
damo-lo aos outros como lembrança
ou simplesmente à água,
à água, ao ar, ao tempo.
E de nascer tão pouco guardámos
a memória.
Ainda que importante e jovial
tenha sido a nossa vida;
e agora não te lembres sequer
do mais pequenos promenor,
não guardate sequer um ramo
da primeira luz.

Sabe-se apenas que nascemos.


Um nó é dado com o fio da vida,

Nada, não ficou nada na tua memória
do mar bravio que ergueu uma onda
e derrubou da árvore uma maçã sombria.

Não tens mais recordações que a tua vida.


Pablo Nerud
a

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