"Indagada, na entrevista, sobre aprendizados
do tempo do casulo, a borboleta silenciou, movimentou as asas
delicadamente, olhou para a margarida que acabara de abraçar, e sorriu.
Contemplativa, revisitou na memória a atmosfera de alguns sentimentos
que a pergunta lhe fez acessar. Findo o passeio, respondeu à repórter:
"houve um momento em que o aperto foi tão extremo e aflitivo que eu
imaginei não conseguir suportar. Eu nem sabia que, exatamente naquele
ponto, a natureza tecia asas para mim, em silêncio, mas foi lá que senti
que eu era feita também para voar. O aperto, entendi somente depois,
era uma espécie de morte, um prenúncio da transformação, uma ponte que
me levaria a outro modo de ser".
Ana Jácomo
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