Powered By Blogger

domingo, 26 de agosto de 2012

"Pode me tirar a compreensão, o perdão, os ossos contados como dias nas paredes da carne. Pode me tirar o egoísmo e a paixão, a cultura que adquiri às pressas, a serenidade para julgar, a severidade do combate. Podes me tirar as metáforas,
a fuga, minha saída do sangue. Pode me tirar os excessos do mínimo, o idioma, meu receio de ficar sozinho. Pode me tirar o colo, a sesta, a audição das escadas. Podes me tirar o desejo e pôr a inquietação em seu lugar. Pode me tirar a liberdade que confundi com justiça porque nenhuma das duas se conheceu a tempo. Não há castigo infinito. Não há dor infinita. Um dia a gente termina para começar, começa para terminar, refaz o percurso como se nada tivesse acontecido antes. Deixe-me apenas uma cadeira de palha, amarela, para olhar com piedade o que fui e me deslumbrar com as ruínas".Fabricio Carpinejar 
 
 Vincent van Gogh, A Cadeira Amarela, 1888

Nenhum comentário:

Postar um comentário