a fuga,
minha saída do sangue. Pode me tirar os excessos do mínimo, o idioma,
meu receio de ficar sozinho. Pode me tirar o colo, a sesta, a audição
das escadas. Podes me tirar o desejo e pôr a inquietação em seu lugar.
Pode me tirar a liberdade que confundi com justiça porque nenhuma das
duas se conheceu a tempo. Não há castigo infinito. Não há dor infinita.
Um dia a gente termina para começar, começa para terminar, refaz o
percurso como se nada tivesse acontecido antes. Deixe-me apenas uma
cadeira de palha, amarela, para olhar com piedade o que fui e me
deslumbrar com as ruínas".Fabricio Carpinejar
Vincent van Gogh, A Cadeira Amarela, 1888
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