Tão bom
aqui
Me escondo no porão
para
melhor aproveitar o dia
e seu plantel de cigarras.
Entrei aqui para
rezar,
agradecer a Deus este conforto gigante.
Meu corpo velho descansa
regalado,
tenho sono e posso dormir,
Tendo comido e bebido sem pagar.
O
dia lá fora é quente,
a água na bilha é fresca,
acredito que sugestionamos
elétrons.
Eu só quero saber do microcosmo,
O de tanta realidade que nem
há.
Na partícula visível de poeira
Em onda invisível dança a luz.
Ao
cheiro de café minhas narinas vibram,
Alguém vai me chamar.
Responderei
amorosa,
Refeita de sono bom.
Fora que alguém me ama,
Eu nada sei de
mim.
Adélia Prado in: “A
duração do dia”
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