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sexta-feira, 30 de março de 2012


"Um sábio me dizia: esta existência, não vale a angústia de viver. A ciência, se fôssemos eternos, num transporte de desespero inventaria a morte. Uma célula orgânica aparece no infinito do tempo. E vibra e crescee se desdobra e estala num segundo. Homem, eis o que somos neste mundo. Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um monge me dizia: ó mocidade, és relâmpago ao pé da eternidade! Pensa: o tempo anda sempre e não repousa; esta vida não vale grande coisa. Uma mulher que chora, um berço a um canto; o riso, às vezes, quase sempre, um pranto. Depois o mundo, a luta que intimida,quatro círios acesos : eis a vida. Isto me disse o monge e eu continuei a ver dentro da própria morte, o encanto de morrer.
(...)
Uma mulher me disse: vem comigo! Fecha os olhos e sonha, meu amigo. Sonha um lar, uma doce companheira que queiras muito e que também te queira. No telhado, um penacho de fumaça. Cortinas muito brancas na vidraça. Um canário que canta na gaiola.Que linda a vida lá por dentro rola!
Pela primeira vez eu comecei a ver, dentro da própria vida, o encanto de viver."

Guilherme de Almeida.

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