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quarta-feira, 23 de novembro de 2011


Órfã na Janela

Estou com saudades de Deus,
uma saudade tão funda que me seca.
Estou como palha e nada me conforta.
O amor hoje está tão pobre, tem gripe
meu hálito não está para salões.

Fico em casa esperando Deus,
cavacando a unha, fungando meu nariz
choroso, querendo um pôster dele,
no meu quarto, gostando igual antigamente
da palavra crepúsculo.
Que o mundo é desterro eu toda vida soube.
Quando o sol vai-se embora é pra casa de
Deus que vai pra casa onde está meu pai.

Adélia Prado

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