Num sotão que inventei, ou que existia,
criei bichos-de-seda em velhas caixas:
ofício repugnante, que eu amava.
Lembro a inquietação dos vermes, lembro a trama
dos fios, lembro o medo
que chamava lá da escada.
Hoje, num sotão mais noturno,
no último degrau dos meus terrores,
deito-me no pó entre os meus anjos
amortalhados em caixas vazias,
junto da cadeira alta, com as roupas
com que na infância mefingi rainha.
Nela senta-se a Dona dos Enigmas
e me recobre com os fios grudentos
que vão sesoltando deseus olhos.
Lya Luft
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