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domingo, 23 de outubro de 2011

Em Paz

Já bem perto do ocaso, eu te bendigo, ó Vida,
porque nunca me deste esperança mentida
nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque vejo, ao final de tão rude jornada,
que a minha sorte foi por mim mesmo traçada;
que, se extraí os doces méis ou o fel das cousas,
foi porque as adocei ou as fiz amargosas:
quando eu plantei roseiras, eu colhi sempre rosas.
Decerto, aos meus ardores, vai suceder o inverno:
mas tu não me disseste que maio fosse eterno!
Longas achei, confesso, minhas noites de penas;
mas não me prometeste noites boas, apenas,
e em troca tive algumas santamente serenas…
Fui amado, afagou-me o Sol. Para que mais?
Vida, nada me deves. Vida, estamos em paz!

Amado Nervo

4 comentários:

  1. Seguindo também... muito legal o blog!

    Beijos,
    Nessa (www.blogsensibilidades.blogspot.com)

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  2. Cada um colhe aquilo que planta.
    Toda ação possui uma reação.
    Isso é fato.
    Apenas trazemos para nós aquilo que fazemos.

    Um bom domingo.

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  3. Como lamento quando o correr da vida nao me permite passar por aqui. É uma parada poética obrigatória! Adoro! boa semaninha, minha querida.

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  4. Obrigada pelas visitas, fico extremamente feliz quando sobrevoam por aqui, bjims

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