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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"O que era isso, que a desordem da vida podia sempre mais do que a gente? O real roda e põe diante. Homem, sei? A vida é muito discordada. Tem partes, tem artes. A gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Requeria era sarar, não desejava Céu nenhum. As pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – no que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Eu quase que nada não sei, mas desconfio de muita coisa. Atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada. Sertão é onde os pastos carecem de fechos. Quero o outro perto, eu distante de mim. Hoje em dia eu nem sei o que sei, e, o que soubesse, deixei de saber o que sabia. A gente só sabe bem aquilo que não entende. Meu coração é que entende, ajuda minha idéia a requerer e traçar. "

João Guimarães Rosa In:Grande sertão: veredas

Um comentário:

  1. Como eu tenho precisão do Rosa! O Rosa que revoluciona as palavras para dizer, em estado bruto, os sentimentos mais recônditos.
    Que bom que o universo roseano existe! Que bom que o seu blog existe, minha querida Edinha!
    beijinho de bom final de semana.

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