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segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Lápis

É por demais de grande a natureza de Deus.
Eu queria fazer para mim uma naturezinha
particular.
Tão pequena que coubesse na ponta do meu
lápis.
Fosse ela, quem me dera, só do tamanho do
meu quintal.
No quintal ia nascer um pé de tamarino apenas
para uso dos passarinhos.
E que as manhãs elaborassem outras aves para
compor o azul do céu.
E se não fosse pedir demais eu queria que no
fundo corresse um rio.
No rio eu e a nossa turma, a gente iria todo
dia jogar cangapé nas águas correntes.
Essa, eu penso, é que seria a minha naturezinha
particular:
Até onde o meu pequeno lápis poderia alcançar.

Manoel de Barros In:‘Poemas rupestres’

Um comentário:

  1. Edinha!
    Seu blog está cada vez melhor: tem conteúdo, entretenimento (música), conhecimento, cultura,
    criatividade (formatação). Parabéns amiga!
    Um dia , quem sabe, consigo aprender o que está me faltando, mas diz o ditado: devagar se vai ao longe!
    Beijos
    Luiza

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