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sábado, 25 de junho de 2011

BOCA DE CENA

O coração explodido
na dor acumulada e na fadiga:
o morto ensaia outros passos
ao ritmo da nova amante.
(Morrer é mais do que uma escolha.)

Baixa uma cunha de luz
sobre os que velam:
o morto espreita atrás do cenário,
de braço dado com a morte.
Na platéia, silêncio e surdez:
somos os não-iniciados.

Mas há quem conheça o roteiro:
alguém distribui os papéis, alguém
vai pronunciar nossos nomes.
Ninguém será esquecido
no palco onde nos aguardam:
fomos vistos, fomos registrados,
seremos chamados.

Lya Luft in PARA NÃO DIZER ADEUS

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