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segunda-feira, 2 de agosto de 2010


Está amanhecendo. Não, talvez esteja anoitecendo. [...] Você está lá. Há aquela luz à sua volta. [...] Imagino então assim: você é alguém que vai viajar para longe, ao amanhecer.
Não há mais ninguém nessa estação. [...] E por se tratar de uma estação, deve haver um trem que não chega, não passa nem parte. O que passa é apenas o tempo. [...] Esperamos então. Horas, dias, meses, anos e anos. Ninguém sabe o quanto. Podemos nos distrair enquanto esperamos [...] E voltar a ela como quem volta a chamar um número de telefone eternamente ocupado, só para constatar que continua ocupado e apenas para ter a sensação de não desistir. Desistir não é nobre. E arduamente, não desistimos."
Caio Fernando Abreu in "Entrevisão do trem que deve passar" - Pequenas Epifanias

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