"Madrugada
Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite
a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes."
(Ferreira Gullar )
Um cadim de tudo que gosto, música, literatura, fotografia e outras coisinhas que me fazem feliz....
sábado, 27 de setembro de 2014
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
"Talvez você só precise (re)organizar as coisas por dentro, rearrumar os sentimentos, refazer as prioridades. Tira a poeira desse sorriso, desengaveta teus sonhos. Joga fora o que pesa na alma, o que te desassossega. Manda embora o que tira teu sorriso frouxo. Faz uma faxina e deixa aí só o que for bonito." Monalisa Macedo
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
"Não podemos pretender ser os primeiros, ou os preferidos, somos apenas quem está disponível, os restos, as sobras, os sobreviventes, o que vai ficando, os saldos, e é com esse pouco nobre que se erigem os maiores amores e se fundam as melhores famílias, disso provimos todos, produtos da casualidade e do conformismo, dos descartes e das timidezes e dos fracassos alheios, e mesmo assim daríamos qualquer coisa às vezes para continuar junto de quem resgatamos um dia de um sótão ou de um leilão, ou tiramos à sorte nas cartas ou nos recolheu dos detritos; inverossimilmente conseguimos nos convencer dos nossos fortuitos enamoramentos, e são muitos que creem ver a mão do destino no que não é mais que uma rifa de vilarejo quando o verão já agoniza."
Javier María
Javier María
domingo, 7 de setembro de 2014
"AGORA, Ó JOSÉ"
É teu destino, ó José
a esta hora da tarde,
se encostar na parede,
as mãos para trás.
Teu paletó abotoado
de outro frio de guarda,
enfeita com três botões
tua paciência dura.
A mulher que tens, tão histérica,
tão histórica, desanima.
Mas, ó José, o que fazes?
Passeias no quarteirão
o teu passeio maneiro
e olhas assim e pensas,
o modo de olhar tão pálido.
Por improvável não conta
o que tu sentes, José?
O que te salva da vida
é a vida mesma, ó José,
e o que sobre ela está escrito
a rogo de tua fé:
"Nomeio do caminho tinha uma pedra",
"Tu és pedra e sobre esta pedra",
a pedra, ó José, a pedra.
Resiste ó José. Deita, José,
dorme com tua mulher,
gira a aldraba de ferro pesadíssima.
O reino do céu é semelhante a um homem
como você, José.
Adelia Prado
É teu destino, ó José
a esta hora da tarde,
se encostar na parede,
as mãos para trás.
Teu paletó abotoado
de outro frio de guarda,
enfeita com três botões
tua paciência dura.
A mulher que tens, tão histérica,
tão histórica, desanima.
Mas, ó José, o que fazes?
Passeias no quarteirão
o teu passeio maneiro
e olhas assim e pensas,
o modo de olhar tão pálido.
Por improvável não conta
o que tu sentes, José?
O que te salva da vida
é a vida mesma, ó José,
e o que sobre ela está escrito
a rogo de tua fé:
"Nomeio do caminho tinha uma pedra",
"Tu és pedra e sobre esta pedra",
a pedra, ó José, a pedra.
Resiste ó José. Deita, José,
dorme com tua mulher,
gira a aldraba de ferro pesadíssima.
O reino do céu é semelhante a um homem
como você, José.
Adelia Prado
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
"Como a doçura da preguiça de uma criatura que amanhece é infinita! Como às vezes, ao surgir do dia, o homem se descobre miraculosamente perdoado de todos os crimes, crimes não, de todas as coisas feias que cometeu. Que nem cometeu, que deixou acontecer. Quem nos perdoa, não sabemos. Talvez seja assim: o sofrimento se junta, vai se juntando dentro da gente, lacerando, doendo, até que um dia a dor é tanta que nos pune. Então, ficamos perdoados. Puros, recomeçamos de alma nova, passada a limpo como um exercício de escola.”
Paulo Mendes Campos.
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