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quinta-feira, 26 de junho de 2014

" Também a arte é uma maneira de viver, e é possível se preparar para ela de uma maneira ou de outra."

Rainer Maria Rilke
Me Encante 

Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar…
Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.

Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.

Me acarinhe se quiser…
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.

Me encante com seus olhos…
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar…

E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar…

Me encante com suas palavras…
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.

Me encante com serenidade…
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.

Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.

Me encante como você fez com o seu primeiro namorado…
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.

Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva….

Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre…
Mas, me encante de verdade, com vontade…

Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias…
Pelo resto das nossas vidas!


(Pablo Neruda)
ARTE POÉTICA

Mirar o rio, que é de tempo e água,
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que passam os rostos como a água.

E sentir que a vigília é outro sonho
Que sonha não sonhar, sentir que a morte,
Que a nossa carne teme, é essa morte
De cada noite, que se chama sonho.

E ver no dia ou ver no ano um símbolo
Desses dias do homem, de seus anos,
E converter o ultraje desses anos
Em uma música, um rumor e um símbolo.

E ver na morte o sonho, e ver no ocaso
Um triste ouro, e assim é a poesia,
Que é imortal e pobre. A poesia
Retorna como a aurora e o ocaso.

Ás vezes, pelas tardes, uma face
Nos observa do fundo de um espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela nossa própria face.

Contam que Ulisses, farto de prodígios,
Chorou de amor ao avistar sua Ítaca
Humilde e verde. A arte é essa Ítaca
De um eterno verdor, não de prodígios.

Também é como o rio interminável
Que passa e fica e que é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante que é o mesmo
E é outro, como o rio interminável.

Jorge Luis Borges

segunda-feira, 16 de junho de 2014

VANDALUZ - (1) Filosofia de Revolver "DVD Release"

POEMA DO DIA: um dia tentei mudar o mundo, de repente mudei com ele tudo, na medida da minha humilde fração ! Agora, : quando a dor do mundo grita ao meu coração, meu afeto por ele sussurra uma canção !
Vane Pimentel

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O NOSSO

Amamos o que não conhecemos, o já perdido.
O bairro que já foi arredores
Os antigos que não nos decepcionaram mais
porque são mito e esplendor.
Os seis volumes de Schopenhauer que jamais terminamos de ler.
A saudade, não a leitura, da segunda parte do Quixote.
O oriente que, na verdade, não existe para o afegão, o persa ou o tártaro.
Os mais velhos com quem não conseguiríamos
conversar durante um quarto de hora.
As mutantes formas da memória, que está feita do esquecido.
Os idiomas que mal deciframos.
Um ou outro verso latino ou saxão que não é mais do que um hábito.
Os amigos que não podem faltar porque já morreram.
O ilimitado nome de Shakespeare.
A mulher que está a nosso lado e que é tão diversa.
O xadrez e a álgebra, que não sei.

Jorge Luis Borges

segunda-feira, 9 de junho de 2014

"Contei meus anos e descobrí que terei menos tempo para viver
daquí para frente do que já viví até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras ele chupou displicente, mas percebendo que falta poucas
rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando
seus lugares e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis , para discutir assuntos inúteis
sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas , que apesar da idade
cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos, que brigaram pelo majestoso cargo de
secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa
Sem muitas jabuticabas na bacia , quero viver ao lado de gente humana, muito humana,
que saiba rir de seus tropeços, não se encanta com os triunfos, não se considera
eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E PARA MIM ,BASTA O ESSENCIAL."
"Mário de Andrade"

sábado, 7 de junho de 2014

"Lamento que o abraço esteja em desuso numa época em que a gente precisa tanto Um do Outro. Em que a gente precisa tanto sentir o Outro." Bibiana Benites

domingo, 1 de junho de 2014

"Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um."             
Fernando Pessoa
"Na melhor das hipóteses eu sou a sucessão de erros tentando acertar. Então, não procure perfeição em mim. Não me faça cobranças. Se há algo a olhar, as cicatrizes representam as minhas sinceras tentativas para tornar-me melhor."  Ita Portugal